quarta-feira, 16 de abril de 2008

[essa é do Arnaldo] sei que colar é feio , mas essa é muito legal


O amor impossível é o verdadeiro amor Outro dia escrevi um artigo sobre o amor. Depois, escrevi outro sobre sexo. Os dois artigos mexeram com a cabeça de pessoas que encontro na rua e que me agarram, dizendo: "Mas... afinal, o que é o amor?" E esperam, de olho muito aberto, uma resposta "profunda". Sei apenas que há um amor mais comum, do dia-a-dia, que é nosso velho conhecido, um amor datado, um amor que muda com as décadas, o amor prático que rege o "eu te amo" ou "não te amo". Eu, branco, classe média, brasileiro, já vi esse amor mudar muito. Quando eu era jovem, nos anos 60/70, o amor era um desejo romântico, um sonho político, contra o sistema, amor da liberdade, a busca de um "desregramento dos sentidos". Depois, nos anos 80/90 foi ficando um amor de consumo, um amor de mercado, uma progressiva apropriação indébita do "outro". O ritmo do tempo acelerou o amor, o dinheiro contabilizou o amor, matando seu mistério impalpável. Hoje, temos controle, sabemos por que "amamos", temos medo de nos perder no amor e fracassar na produção. A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. O amor é a recusa desse desencanto. O amor quer o encantamento que os bichos têm, naturalmente. Por isso, permitam-me hoje ser um falso "profundo" (tratar só de política me mata...) e falar de outro amor, mais metafísico, mais seminal, que transcende as décadas, as modas. Esse amor é como uma demanda da natureza ou, melhor, do nosso exílio da natureza. É um amor quase como um órgão físico que foi perdido. Como escreveu o Ferreira Gullar outro dia, num genial poema publicado sobre a cor azul, que explica indiretamente o que tento falar: o amor é algo "feito um lampejo que surgiu no mundo/ essa cor/ essa mancha/ que a mim chegou/ de detrás de dezenas de milhares de manhãs/ e noites estreladas/ como um puído aceno humano/ mancha azul que carrego comigo como carrego meus cabelos ou uma lesão oculta onde ninguém sabe". Pois, senhores, esse amor existe dentro de nós como uma fome quase que "celular". Não nasce nem morre das "condições históricas"; é um amor que está entranhado no DNA, no fundo da matéria. É uma pulsão inevitável, quase uma "lesão oculta" dos seres expulsos da natureza. Nós somos o único bicho "de fora", estrangeiro. Os bichos têm esse amor, mas nem sabem. (Estou sendo "filosófico", mas... tudo bem... não perguntaram?) Esse amor bate em nós como os frêmitos primordiais das células do corpo e como as fusões nucleares das galáxias; esse amor cria em nós a sensação do Ser, que só é perceptível nos breves instantes em que entramos em compasso com o universo. Nosso amor é uma reprodução ampliada da cópula entre o espermatozóide e óvulo se interpenetrando. Por obra do amor, saímos do ventre e queremos voltar, queremos uma "reintegração de posse" de nossa origem celular, indo até a dança primitiva das moléculas. Somos grandes células que querem se re-unir, separados pelo sexo, que as dividiu. ("Sexo" vem de "secare" em latim: separar, cortar.) O amor cria momentos em que temos a sensação de que a "máquina do mundo" ou a máquina da vida se explica, em que tudo parece parar num arrepio, como uma lembrança remota. Como disse Artaud, o louco, sobre a arte (ou o amor) : "A arte não é a imitação da vida. A vida é que é a imitação de algo transcendental com que a arte nos põe em contato." E a arte não é a linguagem do amor? E não falo aqui dos grandes momentos de paixão, dos grandes orgasmos, dos grande beijos - eles podem ser enganosos. Falo de brevíssimos instantes de felicidade sem motivo, de um mistério que subitamente parece revelado. Há, nesse amor, uma clara geometria entre o sentimento e a paisagem, como na poesia de Francis Ponge, quando o cabelo da amada se liga aos pinheiros da floresta ou quando o seu brilho ruivo se une com o sol entre os ramos das árvores ou entre as tranças da mulher amada e tudo parece decifrado. Mas, não se decifra nunca, como a poesia. Como disse alguém: a poesia é um desejo de retorno a uma língua primitiva. O amor também. Melhor dizendo: o amor é essa tentativa de atingir o impossível, se bem que o "impossível" é indesejado hoje em dia; só queremos o controlado, o lógico. O amor anda transgênico, geneticamente modificado, fast love. Escrevi outro dia que "o amor vive da incompletude e esse vazio justifica a poesia da entrega. Ser impossível é sua grande beleza. Claro que o amor é também feito de egoísmos, de narcisismos mas, ainda assim, ele busca uma grandeza - mesmo no crime de amor há um terrível sonho de plenitude. Amar exige coragem e hoje somos todos covardes". Mas, o fundo e inexplicável amor acontece quando você "cessa", por brevíssimos instantes. A possessividade cessa e, por segundos, ela fica compassiva. Deixamos o amado ser o que é e o outro é contemplado em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso desamparo. Esperamos do amor essa sensação de eternidade. Queremos nos enganar e achar que haverá juventude para sempre, queremos que haja sentido para a vida, que o mistério da "falha" humana se revele, queremos esquecer, melhor, queremos "não-saber" que vamos morrer, como só os animais não sabem. O amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Como os relâmpagos, o amor nos liga entre a Terra e o céu. Mas, como souberam os grandes poetas como Cabral e Donne, a plenitude do amor não nos faz virar "anjos", não. O amor não é da ordem do céu, do espírito. O amor é uma demanda da terra, é o profundo desejo de vivermos sem linguagem, sem fala, como os animais em sua paz absoluta. Queremos atingir esse "absoluto", que está na calma felicidade dos animais.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

eu doido! Tu é estranho





Essa postagem é proibida para menores. Se você se acha um perdedor um estranho calma vamos com outro ponto de vista, minha missão é tentar fazer você se sentir melhor:




Dicas de Auto-Ajuda:


1º - Você não é completamente inútil... ao menos serve de mau exemplo.


2º - Se você não é parte da solução é parte do problema.


3º - Errar é humano, mas achar em quem colocar a culpa é mais Humano ainda.


4º - O importante não é saber, mas ter o telefone de quem sabe.


5º - Quem sabe, sabe. Quem não sabe é chefe!


6º - É bom deixar a bebida. Só tente se lembrar onde.


7º - Existe um mundo melhor, mas é caríssimo.


8º - Trabalhar nunca matou ninguém, mas... pra que se arriscar ?


9º - Há duas palavras que abrem muitas portas: PUXE e EMPURRE.


10º - Não leve a vida tão a sério, afinal você não sairá vivo dela.




se você ainda estiver se sentindo estranho, olhe as fots:



segunda-feira, 7 de abril de 2008

[leia de novo] Histórias do Billi J. - são coisas do amor(parte 2)


(...)
Mas os dias foram passando, e esse amor platô... digo, esse amor verdadeiro(???) do Billi J. pela guria só aumentava. Billi J. falava muito nela. Porque ela é a mais isso, a mais aquilo, porque quando ela olha para o lado direito a sua orelha sempre mexe, como quem diz “pode falar”. Enfim, o Billi J. transformava em palavras todos os gestos daquela guria. E como ela era bonita, sempre me disse o Billi J. Mas os dias continuaram passando, o amor continuou crescendo, porém o Billi J. não trocava palavra com a guria. Esqueci-me de dizer, o nome da guria, era Renata (assim como a música do Los Hermanos).

A Renata tinha se tornado para o Billi J. o que as formigas são para um tamanduá(não entendeu? pergunta para o Billi J.). Ela passava e o Billi J. parava o que estava fazendo, independente do que ele estivesse fazendo. Só que como o Billi J. era inocente, ou melhor, diferente dos outros, nunca percebeu que a Renata passava na frente dele porque queria se aproximar. Renata era tão tímida quanto Billi J., mesmo que não aparentasse isso, pois estava sempre conversando com alguém, fosse esse alguém um colega ou o seu irmão, que estudava também na escola. Mas Renata achava Billi J. diferente, mas não sabia o porquê de Billi J. chamar a sua atenção.

Pobre Billi J.. Nunca soube dessa intenção de aproximação de Renata. Mas algo mudara em Billi J.. Ele viu durante uma aula de educação física um guri, duas séries à frente da dele(nunca ficou específico em que série do ensino fundamental o Billi J. estudava), estava falando e se divertindo com a Renata. Com a sua Renata! E o pior de tudo é que ele era tímido demais e educado demais para poder fazer algo. Sentiu-se um idiota naquele momento. Sentiu-se incapacitado. Era óbvio que a Renata nunca seria sua namorada, porque ele era tímido, covarde, enfim, Billi J. era Billi J.. De nada adiantava ele saber falar inglês, ao contrário de todos os seus colegas(será que a Renata sabia falar inglês?). De nada adiantava ele ter feito um curso de auto-defesa, por pressão de seu tio, que dera um curso desses.

De nada adiantava ele ser muito dedicado e ler o jornal inteiro todos os dias, quando a maioria lê somente os quadrinhos e olha as figuras. De nada adiantava. E naquele momento Billi J. foi ao que ele descobriria depois ser um inferno astral, uma crise de existência. Coitado do Billi J.. O mundo era tão injusto com ele. Billi J., na opinião das suas antigas colegas(nunca soube a opinião da sua amada), era um bichinho da maçã. Não dou a minha opinião porque desmereço a beleza. Mas enfim, Billi sofreu muito, só em ver a sua amada ao lado de um carinha mais velho, conversando e rindo muito.

Billi J. sofreu. Sofreu mais do que uma formiga carregando uma folha de bananeira sozinha. Billi J. decidiu que não amava mais a Renata. Decidiu fugir da aula de educação física naquele momento. Saiu correndo, foi para a sala de aula e pegou a sua mochila e num instintivo “vou embora” saiu correndo portão afora. Ele não queria mais ver aquilo. Seu amor, ou melhor, seu antigo grande amor, nos braços de outro. Ele não queria entender. Apenas queria esquecer. Chegando em casa, chutou a mochila para o lado, tirou o tênis sem desamarrar, subiu as escadas de meia, quase caindo de boca e quebrando os dentes da frente e pulou em sua cama. Chorou. Chorou como um bebê que acaba de levar uma palmada na bunda de um médico.



continua...

[leia]Histórias do Billi J. - são coisas do amor (parte 1)


Essa é do tempo que o Billi J. ainda era conhecido por Bilionarico(nome originário de um tio analfabeto que ouviu bilionário no rádio e achou que aquilo fosse nome, mas sem acento).

Diz o Billi J. que isso aconteceu alguns anos antes do fato ocorrido na 8ª série, que foi o começo dessa saga. Mas então, ele, Billi, desde que o conheço é tímido, mas quando está entre pessoas que o entendem e o incentivam a falar, fala como se fosse uma criança descrevendo um jogo novo. É engraçado quando isso acontece, mas o Billi é assim mesmo. Acho que por vezes sou assim também, mas enfim, essa é história do Billi e não minha.

Voltando ao fato importante, o Billi J. sempre foi aquele guri diferente. Pelas histórias dele, pelo começo da história dele no blog ficou evidente isso. Mas ele era diferente dos outros porque acreditava no amor. Quantos guris acreditam no amor? Quantos não têm vergonha em falar? Só conheço, mais uma vez, o Billi J.. O Billi J. sempre foi o guri que esperava por um grande amor. Mas isso desde pequeno. E no momento em que ele viu aquela guria, cabelos escuros, mais do que pretos, com olhos cor-de-mel, como ele mesmo definia e com um sorriso mais bonito do que uma macieira carregada de maçãs(para lembrar, o Billi J. gosta muito de maçãs), pensou que ali havia encontrado o seu amor.

Era ela. Billi J. achou, mesmo sem conhecer, que aquela seria a sua namorada, o seu grande amor. Billi J. nunca escondeu isso, mas também nunca demonstrou, bom, pelo menos, quase nunca. Porque o Billi J. tremia e se arrepiava só pela tal guria passar por ele para apontar o lápis na lixeira de plástico da sala. Sim, a guria conhecia uma colega do Billi J. então se sentou ao lado dela, no fundo da sala. Billi J., que sempre foi um grande estudioso sem óculos, sentava na primeira classe, a da extrema direita, para ter uma visão melhor do quadro e porque era mais fácil de sentar longe dele, então o empurraram para esse local.

Billi J. era muito engraçado. Ele arrumava os óculos, mesmo sem ter óculos, só para ter uma desculpa para olhar para trás e ver aquela guria(nem eu consigo entender direito como isso é possível). E como era linda. A cada dia o Billi J. descobria mais uma coisa bonita nela. Ela era engraçada, supôs Billi J., porque todos riam quando estavam com ela. Ela era inteligente, porque sempre era a primeira a acabar as provas. Ela era simpática, porque todos queriam estar perto dela. Tudo isso o Billi J. supôs, pois nunca trocou uma palavra com ela. Mas acima de tudo, sempre pensava ele, ela era bonita. Na verdade, ele achava ela “apenas” bonita porque não conhecia a palavra linda. Sim, o Billi J. era muito estudioso mas não conhecia a palavra linda. E alguém ousa ainda a dizer que o Billi J. não era diferente?


Continua...