quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um passeio pelo hospital.



Todos devem saber sobre o medo que todos os homens têm de ir ao médico, não suportamos a dor e morremos em casa gemendo e reclamando, colocamos a culpa em tudo (até no Papa), mas nunca jamais, na bebida, nem tão poço admitimos que o tempo passa e estamos ficando velhos.
Tive que ir ao hospital de ônibus pois achava que não estava tão doente assim:
Pressão 15/10.
No corredor agonizavam velhinhos abandonados, um alcoólatra inquieto que insistia em retirar o soro, homens jovens com caras amaradas e as mãos nas costas tentando acariciar os rins espremendo as costelas, uma enfermeira furando um buraco no chão de tanto “pra lá e pra cá”, cortinas para a intimidade das sodas safadas que mancham a reputação e a honra que velhos veteranos, ampolas que lembram garrafas de cerveja e a cede que sonhara em matar, que deu para aliviar com a água que me deram para engolir o remédio, gente gemendo, chorando, uivando e falando da vida alheia. E o médico sonolento disse “engula o remédio e depois volte” , 45 minutos depois...
Pressão 13/09.
A médica entre papéis de escrita indecifráveis me pergunta o que tenho, dou um sorriso irônico de (se soubesse o que diabos estaria fazendo aqui?), percebo que médicos quando trocam de pacientes é só para melhorar o diagnóstico:
-Olhe, o senhor tem que pedir para diminuir o sal da comida, ou comer coisas que não possua sal!
O senhor tem família?
-Sim, a 120km daqui.
-Você tem que parar de comer sal!
-E o que vou comer? Chuchu rico em vitaminas A, B e C (água , casca e bagaço)?
-Mas você tem que parar de comer sal, ou ficará hipertenso se já não estiver!
- Doutora, morrerei de fome se hoje em dia até o açúcar tem sal!